Stanley Lloyd Miller (1930 – 2007) foi um químico americano famoso por seu experimento pioneiro sobre a origem da vida. Nasceu em 7 de março de 1930 em Oakland, Califórnia, em uma família de classe média, e desenvolveu desde cedo um interesse pela química. Após estudar na Universidade da Califórnia em Berkeley, obteve seu doutorado em 1954 sob a orientação de Harold Urey (1893-1981), químico ganhador do Prêmio Nobel conhecido por seus trabalhos sobre o isótopo de deutério.
Foi sob a influência de Urey, que em 1952 propôs uma teoria sobre a composição da atmosfera primitiva da Terra (uma mistura redutora de metano, amônia, hidrogênio e vapor d'água), que Miller concebeu seu experimento histórico.
Em 1953, quando ainda era estudante de doutorado, Miller realizou um experimento que marcaria a história da ciência. Em um aparelho de vidro esterilizado, recriou as condições supostas da Terra primitiva:
Após apenas uma semana, Miller observou a formação de aminoácidos (incluindo glicina, alanina e ácido aspártico), os blocos básicos das proteínas. Este experimento, publicado em Science em 1953, demonstrou pela primeira vez que moléculas orgânicas complexas poderiam se formar espontaneamente a partir de compostos inorgânicos simples em condições semelhantes às da Terra primitiva.
O experimento de Miller teve um impacto imediato e profundo em vários campos:
Campo | Contribuição | Consequências |
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Exobiologia | Primeira demonstração experimental da síntese abiótica de moléculas orgânicas | Fundação do campo da origem da vida |
Química pré-biótica | Validação da hipótese de uma atmosfera primitiva redutora | Estímulo para numerosas pesquisas sobre as condições da Terra primitiva |
Evolução molecular | Mostrou que os aminoácidos podiam se formar naturalmente | Suporte à teoria da evolução química antes da evolução biológica |
Cultura popular | Experimento tornou-se emblemático da ciência do século XX | Inspiração para muitos livros e documentários sobre a origem da vida |
No entanto, o experimento também enfrentou críticas:
Após seu doutorado, Miller continuou com uma distinta carreira acadêmica:
Suas pesquisas posteriores focaram em:
Embora os detalhes da atmosfera primitiva ainda sejam debatidos, o experimento de Miller permanece como um marco fundamental:
Como observou Carl Sagan (1934-1996): "O experimento de Miller-Urey foi um momento decisivo. Pela primeira vez, mostrou-se que moléculas orgânicas complexas, essenciais para a vida, poderiam se formar em condições que provavelmente existiram na Terra primitiva."
Após a morte de Miller em 2007, análises mais avançadas de suas amostras originais revelaram resultados ainda mais significativos:
Ano | Descoberta | Significado |
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2008 | Identificação de 22 aminoácidos diferentes (contra 5 relatados inicialmente) | Demostra uma complexidade química muito maior do que se pensava |
2011 | Descoberta de aminoácidos não proteínicos | Sugere vias químicas alternativas na evolução pré-biótica |
2014 | Detecção de compostos orgânicos voláteis complexos | Indica a formação de moléculas mais complexas do que os aminoácidos |
Ano | Evento | Contexto |
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1930 | Nascimento em Oakland, Califórnia | Em uma família de classe média |
1951 | Obtenção de seu bacharelado em química na UC Berkeley | Inicio de seu interesse pela origem da vida |
1952 | Encontro com Harold Urey em Chicago | Inicio de sua tese sobre a atmosfera primitiva |
1953 | Realização do experimento histórico | Publicação em Science no mesmo ano |
1954 | Obtenção de seu doutorado | Tese orientada por Harold Urey |
1960 | Tornou-se professor na UCSD | Inicio de uma carreira de 39 anos |
1983 | Recebeu o prêmio Oparin | Por suas contribuições ao estudo da origem da vida |
2007 | Falecimento em National City, Califórnia | Por complicações de um AVC |
2008 | Reanálise de suas amostras originais | Descoberta de moléculas adicionais |
O experimento de Miller teve um impacto significativo além do mundo científico: