À medida que avançam as descobertas antropológicas, nossas origens se tornam mais claras.
Australopithecus Sediba foi revelado ao público em abril de 2011 em Minneapolis por uma equipe liderada por Lee Rogers Berger durante o Congresso Internacional de Antropologia.
Sediba é um surpreendente hominídeo cujos fósseis extremamente bem conservados foram descobertos em uma caverna em Malapa, a 40 km de Joanesburgo (África do Sul).
A espécie, reconstruída a partir de um fóssil, poderia situar-se entre os australopitecos e o gênero Homo. Australopithecus Sediba possui tanto um conjunto de propriedades primitivas quanto muito modernas.
Os Australopitecos viveram no continente africano há 4,2 a 2,5 milhões de anos, enquanto os primeiros representantes do gênero Homo descobertos na África Oriental viveram há 2 milhões de anos. Sediba viveu aproximadamente há 1,95 a 1,78 milhões de anos na África do Sul.
Os numerosos ossos fósseis pertencem a um jovem indivíduo (MH1) de 12 anos, chamado "Karabo", e a uma fêmea (MH2) de vinte e poucos anos. Embora as escavações da Caverna de Malapa ainda não estejam concluídas, os fósseis de 2013 são os mais ricos já obtidos de uma espécie de hominídeos.
Australopithecus Sediba possui um cérebro pequeno de 420 cm³, típico dos australopitecos. As comparações de fósseis entre Australopithecus sediba, Australopithecus africanus, Australopithecus afarensis, Homo habilis e Homo erectus mostram que Sediba está mais próximo de Australopithecus africanus do que de Australopithecus Afarensis, do qual faz parte a famosa Lucy.
Sediba mostra uma destreza nos ombros semelhante à dos macacos, com braços ainda adaptados para pendurar-se nos galhos e, portanto, subir em árvores, mas sua mão com polegar opositor é menos curvada que a do chimpanzé. Seus dedos longos e finos indicam uma evolução em direção à mão humana, capaz de moldar ferramentas. O tornozelo da fêmea é bastante moderno, enquanto o osso do calcanhar é mais primitivo que o de Australopithecus afarensis, que é pelo menos um milhão de anos mais antigo.
Em resumo, não se sabe muito bem a qual espécie atribuí-lo, provavelmente a Australopithecus africanus (2,5 a 3,5 milhões de anos) devido a algumas de suas propriedades (comprimento dos membros superiores, cérebro pequeno, osso do calcanhar primitivo, corpo de tamanho reduzido, formas dos molares e maçãs do rosto). Os pesquisadores têm a mesma dificuldade em definir Sediba quando analisam a parte inferior do esqueleto. A pelve e as pernas, com ossos longos e retilíneos, são adaptadas ao bipedismo, mas os pés são muito mais primitivos, com um apoio no solo muito diferente do de 'habilis e erectus'. Outra espécie entre o homem e os macacos que viveu há dois milhões de anos.
N.B.: O gênero Australopithecus (do latim australis "do sul" e do grego antigo píthēkos "macaco") foi definido pelo antropólogo Raymond Dart (1893-1988) após a descoberta de Australopithecus africanus em 1924. Sediba significa "poço" ou "fonte" em sotho do sul, uma língua falada no sul da África.
A resposta pode ainda estar escondida nas profundezas da caverna de Malapa a 40 km de Joanesburgo (África do Sul). Lee Berger acredita que o berço de Malapa pode conter a chave de um dos capítulos mais importantes da história da evolução humana. A origem dos primeiros homens, o gênero Homo, pode ter começado lá.
O sítio de Malapa é uma caverna de calcário erodida situada em uma região já famosa por suas antigas descobertas de fósseis humanos, razão pela qual é frequentemente considerada o berço da humanidade. Grande parte dessa reputação baseia-se em uma constatação dos anos 1900, época em que a África do Sul abrigava a melhor evidência da evolução humana precoce, incluindo Australopithecus africanus, nosso ancestral mais antigo conhecido. Desde então, muitos fósseis foram descobertos em diversas partes da África, especialmente na Tanzânia, no Quênia e, claro, na Etiópia, local da descoberta da famosa Lucy, que tem 3,2 milhões de anos.
Embora a antropologia seja conhecida por seu caráter controverso, ninguém contesta o fato de que os fósseis de Malapa são sem precedentes e os mais ricos já obtidos de uma espécie de hominídeos. A abundância e o estado espetacular dos fósseis têm muito a ver com a geografia única do local. Malapa era tanto uma fonte de água que dá vida quanto uma armadilha que tira a vida.
Há dois milhões de anos, essas cavernas aquíferas estavam em uma planície ondulada de colinas arborizadas. Algumas dessas cavernas estavam abertas na superfície por poços verticais de 50 metros. Em períodos úmidos, quando o lençol freático estava alto, os animais podiam beber facilmente, mas em períodos secos eles se aventuravam na escuridão, atraídos pelo cheiro ou som da água, arriscando uma queda fatal em um dos poços escondidos. O osso do braço superior de Karabo, o menino, mostra fraturas típicas de uma queda de grande altura.