O próton, partícula fundamental que, juntamente com o nêutron, constitui o núcleo dos átomos, possui uma massa de aproximadamente \(1,6726 \times 10^{-27}\) kg. No entanto, se somarmos as massas de seus constituintes elementares—dois quarks up e um quark down—obtemos apenas uma fração mínima dessa massa. De onde vem, então, a maior parte da massa do próton? A resposta está em uma das descobertas mais fascinantes da física moderna: a energia das interações entre quarks e glúons dentro do próton.
De acordo com o Modelo Padrão da física de partículas, o próton é composto por três quarks de "valência" (dois quarks up e um quark down) mantidos juntos pela interação forte, mediada por partículas chamadas glúons. No entanto, a simples soma das massas dos quarks de valência representa apenas cerca de 1% da massa total do próton:
\(m_{proton} \approx 938 \text{ MeV}/c^2\)
\(m_{up} \approx 2,3 \text{ MeV}/c^2\)
\(m_{down} \approx 4,8 \text{ MeV}/c^2\)
\(2m_{up} + m_{down} \approx 9,4 \text{ MeV}/c^2 \approx 1\% m_{proton}\)
Os 99% restantes vêm principalmente da energia cinética dos quarks e da energia dos glúons que os ligam, de acordo com a famosa equivalência massa-energia de Einstein \(E = mc^2\).
A interação forte é tão poderosa que confina os quarks dentro do próton. Os glúons, portadores dessa força, trocam energia continuamente entre os quarks e também criam pares virtuais quark-antiquark que aparecem e desaparecem constantemente. Esse "mar" de partículas virtuais contribui significativamente para a massa do próton.
A teoria que descreve essas interações é a Cromodinâmica Quântica (QCD), que tem a particularidade de ter uma constante de acoplamento que diminui em altas energias (liberdade assintótica), mas aumenta em baixas energias, explicando por que os quarks não podem ser isolados.
Calcular a massa do próton a partir dos primeiros princípios da QCD representa um desafio computacional imenso, exigindo supercomputadores e técnicas de cálculo em rede. Essas simulações confirmam que a maior parte da massa vem, de fato, da energia dos glúons e da energia cinética dos quarks.
Experimentalmente, o espalhamento inelástico profundo de elétrons em prótons permitiu sondar a estrutura interna do próton e validar as previsões da QCD sobre a distribuição de quarks e glúons.
Fonte de massa | Contribuição aproximada | Descrição | Origem física |
---|---|---|---|
Massas dos quarks de valência | ∼ 1% | Massas próprias dos quarks up e down | Interação com o campo de Higgs |
Energia cinética dos quarks | ∼ 32% | Movimento dos quarks dentro do próton | Confinamento por interação forte |
Energia dos glúons | ∼ 37% | Campo de glúons que liga os quarks | Interação forte e autointeração dos glúons |
Termo de anomalia | ∼ 30% | Contribuições quânticas adicionais | Anomalia conformal na QCD |
Fonte: Reviews of Modern Physics - Estrutura do próton e Nature - Cálculos da massa do próton em QCD em rede.
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