Qual força gerou a explosão cósmica dos primeiros momentos do Big Bang?
Foi ao tentar responder a essa pergunta que os cientistas tiveram a ideia de um multiverso. Os primeiros momentos do Big Bang teriam obedecido a uma força fenomenal, uma gravidade repulsiva, uma espécie de gravitação inversa.
Em 1979, o físico Alan Guth (1947-) deu à breve fase de expansão original o nome de Inflação. A inflação teria surgido de uma repulsão gravitacional; essa repulsão da inflação seria o estrondo do Big Bang.
Já em 1992, o satélite COBE nos havia transmitido uma primeira imagem dessa inflação. Em 2003, com o satélite WMAP, a impressão digital da inflação confirmou sua existência com uma resolução muito alta. As variações de temperatura observadas pelo COBE coincidem com as previsões da teoria da inflação. Essas equações revelam outra previsão que os físicos russos Andrei Dmitrievich Linde (1948-) e Alexander Vilenkin (1949-) descobririam. Nosso Universo Observável não seria único.
Eles imaginam um cenário surpreendente onde a inflação terminou em algumas regiões, mas continua em outras. Novos Big Bangs ocorreriam continuamente, dando origem a universos cada vez mais numerosos. Esse conceito revolucionário não tem consenso porque é impossível de detectar. No entanto, outras pistas lançarão luz sobre o conceito de multiverso.
Sabemos que o Universo está se expandindo e que sua expansão não está desacelerando, mas acelerando. Qual é essa força que empurra todas as galáxias para longe umas das outras em um ritmo cada vez mais rápido?
Os cientistas chamam isso de Energia Escura. Eles até descobrirão o valor muito particular dessa energia. Teria uma ordem de grandeza que se escreve com um 0, seguido de 122 zeros antes do número um. Esse valor extremamente pequeno, muito menor do que o previsto pelas equações, explica por que a matéria em nosso universo existe. Se removermos apenas 3 ou 4 zeros, o que é muito pouco, a aceleração seria tão rápida que a matéria não poderia se organizar para formar estrelas e galáxias. Nesse conceito, cada valor da energia escura representa um universo diferente.
Com a teoria das cordas, surge outra pista. As cordas são partículas vibrantes que, dependendo de suas vibrações, dão origem a diferentes partículas subatômicas. A teoria das cordas só funciona se houver dimensões espaciais adicionais, mas quanto mais estudamos essas dimensões espaciais adicionais, mais descobrimos, atingindo o número de 10.500. Isso parece absurdo, mas a teoria das cordas descreve uma multidão de soluções, cada uma correspondendo a um universo possível, um universo onde a quantidade de energia escura seria diferente cada vez.
A inflação eterna, a energia escura e a teoria das cordas convergem para a existência de um multiverso onde todos os universos seriam diferentes em aparência, mas dotados de propriedades inimagináveis. Alguns não teriam luz nem matéria, mas como as possibilidades são infinitas (10.500), deve haver um que poderia se parecer com o nosso, levando os entusiastas da ficção científica a dizer que existe uma cópia exata de nosso universo, que todos temos um duplo vivendo em uma bolha cósmica.
Até vermos essas bolhas, qualquer especulação é possível. No entanto, até hoje, a matemática muitas vezes nos mostrou a existência de entidades muito antes de as observarmos.
O universo é uma bolha cósmica em um Cosmos em expansão cada vez mais rápida. Essa bolha cria uma nova bolha que produzirá outras. Universos dando origem a outros universos é uma ideia interessante, mas ainda especulativa.
Se observamos o universo como o conhecemos, é principalmente porque estamos nele. Isso é conhecido como o Princípio Antrópico, um princípio epistemológico que estabelece que as observações do Universo devem ser compatíveis com a presença de um observador. Mas qualquer teor ia que inclua nossa existência deve ser necessariamente coerente com nossa própria existência. Assim, o desenvolvimento do universo deve estar ordenado para explicar nossa própria aparição. O mais surpreendente é que nosso Universo evoluiu de maneira a permitir a aparição de entidades conscientes para notá-lo. Portanto, do nosso ponto de vista (entidade consciente no universo), nosso universo é apenas um dos múltiplos universos que poderiam ter existido, e não há nada de improvável que outros universos existam.
No entanto, nosso Universo é único, pois não podemos compará-lo com outros. O campo da física limita-se ao domínio da experimentação; além disso, é metafísica.