fr en es pt
astronomia
 
Contate o autor rss astronoo
 
 


Atualizado em 22 de outubro de 2024

Primeira prova da expansão do universo

Primeira prova da expansão do universo

Descrição da imagem: A Galáxia de Andrómeda é a galáxia mais próxima da nossa galáxia, a Via Láctea. A nossa galáxia parece muito com Andrómeda. A luz difusa de Andrómeda é provocada pelas centenas de milhares de milhões de estrelas que a compõem. As muitas estrelas distintas que rodeiam a imagem de Andrómeda são, na realidade, estrelas da nossa galáxia, mesmo à frente de Andrómeda, situada a cerca de dois milhões de anos-luz de distância. Fonte NASA.

O papel de Vesto Slipher

A história da astronomia no início do século XX é marcada pela figura de Vesto Melvin Slipher (1875-1969), um astrônomo americano que desempenhou um papel crucial em nossa compreensão das nebulosas e do movimento das galáxias. Slipher realizou uma série de observações fundamentais sobre o desvio espectral da luz emitida por esses objetos celestes, uma descoberta que levaria a uma das teorias mais importantes da cosmologia moderna: a expansão do universo.

As observações iniciais

No início do século XX, as nebulosas (o que hoje chamamos de galáxias) ainda eram mal compreendidas. A natureza exata desses objetos distantes permanecia nebulosa, e alguns astrônomos acreditavam que se tratavam de nuvens de gás dentro da nossa própria galáxia. Outros, no entanto, suspeitavam que eram na verdade "universos-ilhas", localizados muito além da Via Láctea.

Em 1912, enquanto trabalhava no Observatório Lowell no Arizona, Vesto Slipher começou a examinar o espectro de luz das nebulosas espirais. Usando técnicas espectroscópicas, Slipher estudou a luz emitida por essas nebulosas. Ele esperava deduzir a composição química dos objetos e sua velocidade radial, ou seja, sua velocidade de movimento em relação à Terra.

O desvio Doppler e o desvio espectral

O fenômeno central nas descobertas de Slipher é o efeito Doppler, um conceito bem conhecido na física de ondas. Esse efeito descreve como a frequência de uma onda muda em função do movimento relativo da fonte em relação a um observador.

Ao estudar os espectros das nebulosas, Slipher descobriu que muitas delas apresentavam um desvio para o vermelho. Isso significava que esses objetos estavam se afastando da Terra. Mais surpreendente ainda, essas velocidades eram incrivelmente altas, medindo que algumas nebulosas se moviam a mais de 1000 km/s.

A expansão do universo

O trabalho de Slipher ganhou um significado ainda mais profundo após os estudos de Edwin Hubble (1889-1953). Em 1929, Hubble usou as medições de Slipher para estabelecer uma relação entre a distância das galáxias e sua velocidade de recessão, formando a base da lei de Hubble. Essa lei estipula que quanto mais distante uma galáxia, mais rapidamente ela se afasta, sugerindo que o universo está em expansão.

Embora Slipher não tenha proposto ele mesmo a ideia da expansão do universo, seu trabalho foi fundamental para essa descoberta. Suas observações dos desvios para o vermelho foram as primeiras provas diretas de que o universo era dinâmico, em vez de estático.

Métodos espectroscópicos utilizados por Slipher

Os métodos de Slipher baseavam-se na utilização de um espectroscópio, um instrumento que separa a luz de um objeto com base em seus comprimentos de onda. Para observar as nebulosas, Slipher utilizou longos tempos de exposição, às vezes várias dezenas de horas, para capturar luz suficiente desses objetos distantes. Ele então comparava as linhas espectrais observadas com aquelas de elementos conhecidos na Terra para determinar a velocidade radial a partir de seu desvio Doppler.

Dessa forma, Slipher conseguiu medir as velocidades radiais de 21 nebulosas espirais antes de 1925, contribuindo significativamente para as primeiras provas de que as nebulosas eram, de fato, galáxias fora da Via Láctea.

Conclusão

O trabalho pioneiro de Vesto Slipher sobre o desvio espectral das nebulosas forneceu a primeira prova observacional da expansão do universo. Suas descobertas sobre as altas velocidades radiais das galáxias distantes abriram caminho para desenvolvimentos posteriores em cosmologia, incluindo a lei de Hubble.


1997 © Astronoo.com − Astronomia, Astrofísica, Evolução e Ecologia.
“Os dados disponíveis neste site poderão ser utilizados desde que a fonte seja devidamente citada.”