Uma onda é um fenômeno físico de propagação de uma perturbação em um meio material ou no vácuo. Ela transporta energia sem transporte líquido de matéria. Distinguem-se vários tipos de ondas de acordo com sua natureza e meio de propagação.
As ondas mecânicas, como as ondas na superfície da água ou as ondas sísmicas, requerem um meio material (líquido, sólido, gás). Elas são caracterizadas por uma amplitude, um comprimento de onda \(\lambda\), uma frequência \(f\) e uma velocidade de propagação \(v\), relacionadas pela equação fundamental \(v = \lambda f\).
As ondas eletromagnéticas, como a luz visível, as ondas de rádio ou os raios X, são oscilações acopladas do campo elétrico e magnético, capazes de se propagar no vácuo à velocidade da luz \(c \approx 3 \times 10^8\ \text{m/s}\).
Por fim, as ondas gravitacionais pertencem a outra categoria: não são vibrações de um meio material, mas perturbações da métrica do espaço-tempo em si. Elas se distinguem das ondas clássicas porque modificam diretamente as distâncias medidas entre objetos livres.
N.B.: Um fenômeno físico é um evento observável e mensurável que pode ser descrito pelas leis da física, como a queda dos corpos, a propagação de uma onda ou a emissão de luz. No caso das ondas gravitacionais, trata-se da perturbação do espaço-tempo em si, não de uma vibração de um meio material.
As ondas gravitacionais são ondulações do espaço-tempo (tecido cósmico), previstas em 1916 por Albert Einstein (1879-1955) no âmbito da relatividade geral (1915). Elas se propagam à velocidade da luz \((c)\) e resultam de eventos cósmicos extremamente energéticos, como a fusão de dois buracos negros ou estrelas de nêutrons.
As ondas gravitacionais oferecem uma nova maneira de sondar o Universo. Ao contrário das ondas eletromagnéticas (rádio, luz visível, raios X), elas não são absorvidas pela matéria. Isso permite estudar regiões até então inacessíveis, como o interior de supernovas ou os primeiros segundos após o Big Bang.
Em 14 de setembro de 2015, o interferômetro LIGO observou diretamente, pela primeira vez, uma onda gravitacional, resultante da fusão de dois buracos negros localizados a 1,3 bilhão de anos-luz. O sinal medido correspondia a uma variação relativa de comprimento \(\Delta L / L \approx 10^{-21}\), equivalente a detectar uma deformação menor que o diâmetro de um próton em braços de 4 km.
A sensibilidade dos detectores de ondas gravitacionais, como LIGO e Virgo, baseia-se na interferometria a laser. O princípio é comparar, com extrema precisão, o comprimento de dois braços perpendiculares de 4 km cada, usando um feixe de laser dividido em dois e recombinado após reflexão em espelhos suspensos como pêndulos, em ultra-alto vácuo, o que age como um filtro mecânico natural.
Quando uma onda gravitacional atravessa o instrumento, ela provoca uma variação relativa de comprimento \(\Delta L / L \approx 10^{-21}\), ou uma variação absoluta \(\Delta L \approx 4 \times 10^{-18}\ \text{m}\). Esse valor é cerca de cem vezes menor que o diâmetro de um próton (\(\sim 10^{-15}\ \text{m}\)).
Para atingir tal precisão, várias técnicas são utilizadas:
Graças a esses métodos combinados, os interferômetros atingem uma precisão sem precedentes, capaz de detectar uma variação menor que o diâmetro de um próton em uma distância macroscópica de vários quilômetros.
Data | Evento | Fonte | Distância |
---|---|---|---|
14 de setembro de 2015 | GW150914 | Fusão de dois buracos negros (36 e 29 massas solares) | 1,3 bilhão de anos-luz |
17 de agosto de 2017 | GW170817 | Fusão de duas estrelas de nêutrons | 130 milhões de anos-luz |
21 de maio de 2019 | GW190521 | Fusão de dois buracos negros massivos (85 e 66 massas solares) | 7 bilhões de anos-luz |
Fontes: LIGO Scientific Collaboration – GW150914, Virgo Collaboration, LIGO Scientific Collaboration – GW190521.
Embora a comunidade científica considere atualmente a detecção de ondas gravitacionais como um fato estabelecido, alguns estudos críticos levantaram dúvidas, especialmente durante os primeiros anúncios. Esses trabalhos não questionam necessariamente a relatividade geral, mas sim a robustez da análise dos dados.
Por exemplo, em 2016, uma equipe independente (J. Creswell et al., Universidade de Copenhague) publicou uma análise destacando correlações inesperadas no ruído dos detectores LIGO. Segundo suas conclusões, o sinal GW150914, atribuído a uma fusão de buracos negros, poderia apresentar assinaturas compatíveis com artefatos instrumentais em vez de uma onda gravitacional genuína.
Essas críticas concentram-se principalmente em:
Diante dessas objeções, a colaboração LIGO–Virgo reforçou seus métodos de validação cruzada, publicou análises detalhadas e confirmou vários outros eventos independentes (como o GW170817, acompanhado de um sinal eletromagnético observado por telescópios). Essa concordância multimensageira constitui uma validação sólida das detecções.
Assim, embora algumas vozes críticas persistam, o acúmulo de observações coerentes e diversificadas torna extremamente improvável uma explicação puramente instrumental dos sinais registrados.
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