Titania foi descoberta em 1787 por William Herschel (1738–1822). É a maior lua de Urano (e a oitava maior do Sistema Solar). Orbita a uma distância média de \(a \approx 436.300\ \mathrm{km}\) do centro de Urano, com período orbital de aproximadamente 8,7 dias. Seu raio médio é \(R \approx 788\ \mathrm{km}\) e densidade média \(\rho \approx 1,66\ \mathrm{g.cm^{-3}}\), indicando uma composição de gelo (água, voláteis) e material rochoso.
As imagens e medições obtidas durante o sobrevoo da Voyager 2 em 1986 mostram uma superfície fortemente craterizada, com sistemas de falhas e fossas (grabens) sugerindo tectônica passiva. As feições lineares, às vezes associadas a redes de fraturas, refletem uma história térmica e mecânica onde a contração e expansão da crosta gelada desempenharam papel. A distribuição do albedo e a presença de regiões mais claras próximas a algumas fraturas indicam mistura de materiais, incluindo depósitos de gelo de água relativamente puro e materiais escuros quimicamente alterados.
Os parâmetros de massa e densidade média indicam diferenciação parcial provável: núcleo rochoso envolto por manto de gelo. Modelos térmicos sugerem que, durante sua formação, a decomposição radioativa e a energia de acreção poderiam ter aquecido o suficiente para gerar manto parcialmente fluido ou até um oceano interno transitório. Atualmente, Titânia está majoritariamente resfriada; no entanto, a configuração das fraturas e observações geofísicas indiretas não excluem um reservatório de água/amônia parcialmente líquido enterrado ou um oceano fóssil solidificado com remanescentes estruturais.
A temperatura média da superfície é muito baixa, da ordem de \(\sim 60\!-\!80\ \mathrm{K}\) dependendo da insolação e albedo local. O albedo geométrico global situa-se em \(\sim 0,36\!-\!0,40\). A espectroscopia infravermelha revela predominância de gelo de água, bem como compostos orgânicos ou materiais escuros que alteram a refletividade da superfície (carbono alterado, tholins ou materiais irradiados).
Lua | Raio (km) | Densidade (g/cm³) | Distância média (10³ km) | Atmosfera | Temperatura média (K) | Albedo | Particularidade |
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Titania | ≈788 | ≈1,66 | ≈436 | Nenhuma | ≈70 | ≈0,36–0,40 | Maior lua de Urano, falhas tectônicas e grabens |
Oberon | ≈761 | ≈1,63 | ≈584 | Nenhuma | ≈70 | ≈0,22–0,26 | Superfície fortemente craterizada, regiões escuras |
Ariel | ≈578 | ≈1,66 | ≈191 | Nenhuma | ≈70 | ≈0,30–0,40 | Terrenos jovens, cânions e sinais de reajuste geológico |
Umbriel | ≈585 | ≈1,45 | ≈265 | Nenhuma | ≈70 | ≈0,16–0,20 | Regiões muito escuras, craterização intensa |
Miranda | ≈235 | ≈1,20–1,20 | ≈129 | Nenhuma | ≈70 | ≈0,30–0,40 | Topografia extrema: coronae, penhascos, terraços |
Fontes: NASA – Luas de Urano, NASA / JPL – Voyager 2, ESA – Dados e Resumos.
A geologia de Titânia combina processos de craterização antiga e sinais de reajuste tectono-cryogeológico. Grabens e fossas lineares explicam-se pela tensão da crosta, possivelmente ligada ao aquecimento e resfriamento diferencial do manto gelado. Em modelos térmicos, a presença de amônia como anticongelante reduz o ponto de fusão da água e permite comportamento dúctil passado do manto; isso ajuda a explicar a morfologia observada sem exigir atividade intensa atualmente.
Do ponto de vista exobiológico, Titânia é pouco favorável a processos prebióticos complexos na superfície (ausência de atmosfera, baixas temperaturas). Entretanto, se existiu um oceano interno transitório, poderia ter gerado condições químicas localizadas interessantes (interações água/rocha, gradientes químicos). Esses episódios permanecem teóricos, mas constituem alvos potenciais para futuras missões orbitadoras e landers à procura de assinaturas geoquímicas de transformações passadas.