As sociedades humanas do passado sempre buscaram se orientar no tempo, impulsionadas pela ansiedade do futuro e pela necessidade de compreender o mundo em que viviam. Como hoje, há milhares de anos, os seres humanos já faziam perguntas sobre seu ambiente. Sem a astronomia, estariam perdidos na imensidão do Universo. A astronomia é uma necessidade para o ser humano, e foi vital para as civilizações passadas.
Hoje, o conceito de tempo está bem integrado em nossa civilização. Não nos perguntamos mais sobre a data: estações, meses, dias e horas são exibidos constantemente diante de nossos olhos. Não precisamos mais calcular esses dados; os relógios fazem isso por nós. Mas para nossos ancestrais, compreender e medir o tempo era uma tarefa complexa que exigia uma observação minuciosa do céu.
Nossos ancestrais estudavam os céus para encontrar eventos recorrentes e estabelecer um relógio. De fato, o céu é uma referência natural:
Com o ciclo da Lua, nossos ancestrais identificaram um primeiro padrão repetitivo: o mês. Além disso, a palavra "mens" em grego, em seu sentido primitivo, significava "lua."
Nossos ancestrais notaram que as estações estavam relacionadas às estrelas. Eles desenharam constelações, vendo figuras imaginárias reconfortantes, muitas vezes inspiradas por animais familiares. A configuração das estrelas muda ao longo das estações porque a inclinação da Terra nos expõe a um céu diferente durante sua viagem de 365 dias ao redor de sua órbita. Essa viagem cíclica é um relógio maravilhoso de um ano sobre o qual nos organizamos.
Compreender seu ambiente era uma vantagem considerável para as civilizações antigas. Portanto, construíram monumentos gigantescos para marcar o tempo, como:
Os solstícios, os dias mais longos e mais curtos do ano, são referências essenciais para marcar as estações e o ano. A data dos solstícios varia muito lentamente, sem mudanças significativas em poucas centenas de anos. Assim, a Terra sempre se encontra no mesmo lugar em sua órbita na mesma data, e a abóbada celeste sempre mostra as mesmas figuras na mesma época do ano.
Essa precisão "divina" dos relógios celestes ajudou as civilizações passadas (como os incas, maias, egípcios e gregos) a se organizar e planejar suas tarefas, principalmente agrícolas. Ao observar o céu, essas civilizações exploraram o conceito de tempo. O Sol, a Lua e as estrelas desempenharam um papel crucial para elas, permitindo medir o tempo e explicar os mistérios de seu planeta.
Graças ao conhecimento dos solstícios, dois séculos antes de Cristo, Eratóstenes de Cirene (-276 -194 a.C.) demonstrou que a Terra era enorme e, além disso, redonda. Com um simples bastão, ele mediu de maneira notável o diâmetro da Terra, provando que era uma esfera.
Ao medir o tamaño dessa sombra, Eratóstenes calculou o ângulo (7,2°) em relação à vertical. Assim, obteve a quinquagésima parte de um círculo. Conhecendo a distância entre Siena e Alexandria, ele multiplicou essa distância por 50 e obteve a circunferência equatorial da Terra. Essa medição, extraordinariamente precisa para a época, foi de 39.689 km, muito próxima do valor atual de 40.075 km.
A divisão da semana em sete dias corresponde aproximadamente a um quarto de um mês lunar, que dura 28 dias. Na realidade, a revolução sideral da Lua é de 27 dias, 7 horas, 43 minutos e 11,5 segundos. De acordo com a Organização Internacional de Normalização (norma ISO 8601), a segunda-feira é considerada o primeiro dia da semana. As semanas do mesmo ano são numeradas de 01 a 52 ou 53, dependendo do número de quintas-feiras. A semana número 01 é aquela que contém a primeira quinta-feira de janeiro.
Uma semana contém sete dias, cujos nomes estão relacionados à astronomia. Os astrônomos da época romana observavam seis objetos luminosos que se moviam no céu: Saturno, Júpiter, Marte, Vênus, Mercúrio e a Lua. Esses objetos celestes inspiraram os nomes dos dias da semana:
Os planetas Urano e Netuno só foram descobertos nos séculos XVIII e XIX, graças à invenção do telescópio. Os outros objetos celestes, vistos da Terra, não se movem de maneira aparente, mas os observadores podem notar, mês a mês, o deslocamento dos planetas no céu. Entre esses objetos, é a Lua que se move mais rapidamente.
O domingo, o sétimo dia da semana, foi adicionado pelo imperador Constantino I em 321. Na França, o domingo não está ligado ao nome de um objeto celeste, mas é considerado o "Dia do Senhor" (dies dominicus em latim) para os católicos. Em contraste, em outras culturas, como em inglês, o domingo está claramente associado ao Sol (Sunday).
As civilizações antigas utilizaram a astronomia para compreender e medir o tempo, organizando assim suas vidas em torno dos ciclos naturais. Suas descobertas, como as de Eratóstenes, testemunham sua engenhosidade e curiosidade. Hoje, herdamos esse conhecimento, que continua a guiar nossa compreensão do tempo e do Universo.