As galáxias Antena, conhecidas como NGC 4038 e NGC 4039, estão localizadas na constelação do Corvo, a cerca de 60 milhões de anos-luz da Terra. Seu nome vem dos longos braços de matéria que se estendem de ambos os lados, lembrando duas antenas curvas. Esses braços são formados pelas interações de maré gravitacional resultantes da colisão de duas galáxias espirais.
Este fenômeno ilustra um estágio avançado de coalescência: os discos estelares já se entrelaçaram parcialmente, e enormes regiões de formação estelar se desenvolvem nas áreas comprimidas pelo choque. A densidade local de gás interestelar às vezes excede \(10^3\) partículas por cm3, desencadeando uma explosão de atividade estelar (starburst).
A colisão de duas galáxias não significa a colisão direta das estrelas. As distâncias entre as estrelas são tão grandes que as interações gravitacionais dominam sem que as próprias estrelas colidam. No entanto, o gás e a poeira interestelares sofrem atrito e compressão intensos.
De acordo com simulações numéricas de Toomre & Toomre (1972), as pontes e caudas de maré visíveis nas Antenas resultam da troca de energia orbital entre os componentes galácticos. Essas estruturas são temporárias: elas se dissiparão ao longo dos próximos bilhões de anos, quando a fusão estiver completa.
As regiões centrais das Antenas abrigam centenas de aglomerados de estrelas jovens, alguns com massas superiores a \(10^6\ M_{\odot}\). Esses aglomerados podem ser os ancestrais dos aglomerados globulares observados em galáxias elípticas. A luminosidade infravermelha do sistema indica uma formação de estrelas da ordem de \(50\ M_{\odot}\) por ano, cinquenta vezes a da Via Láctea atual.
Os modelos de fusão preveem que, em cerca de 400 milhões de anos, NGC 4038 e NGC 4039 terão formado uma única galáxia elíptica, estabilizada por dissipação dinâmica e relaxamento violento. Este processo ilustra os cenários de evolução morfológica das galáxias previstos por Edwin Hubble (1889-1953) e confirmados por observações modernas.
Os braços visíveis se estendem por mais de 200.000 anos-luz. As velocidades radiais medidas pelo efeito Doppler atingem várias centenas de km·s−1. O centro de massa do sistema permanece relativamente estável, enquanto os núcleos galácticos se aproximam a uma taxa de dezenas de parsecs por milhão de anos.
Nota:
O estudo das galáxias Antena serve como referência para entender colisões futuras, especialmente a esperada entre a Via Láctea e Andrômeda em cerca de 4 bilhões de anos.
| Propriedade | Via Láctea | Galáxias Antena | Comentário |
|---|---|---|---|
| Distância da Terra | — | ≈ 60 milhões de anos-luz | Observação por Hubble e ALMA |
| Tipo morfológico | Espiral barrada (SBbc) | Duas espirais em interação | Fase transitória antes da fusão |
| Taxa de formação estelar | ≈ 1 M☉/ano | ≈ 50 M☉/ano | Starburst desencadeado pela colisão |
| Diâmetro total | ~100.000 anos-luz | ~200.000 anos-luz (com caudas) | Expansão devido às forças de maré |
Fonte: ESA/Hubble, Toomre & Toomre (1972), e ALMA Observatory.