O hemisfério sul oferece um céu único, rico em objetos celestes espetaculares e figuras mitológicas menos conhecidas do que no hemisfério norte. As constelações mais notáveis:
Cruzeiro do Sul (Crux): A menor das 88 constelações oficiais, mas a mais emblemática. Suas quatro estrelas principais (Acrux, Mimosa, Gacrux e Delta Crucis) formam uma cruz inclinada, usada para localizar o polo sul celeste.
Centauro (Centaurus): Associada ao aglomerado globular ω Cen, o mais brilhante do céu (magnitude aparente 3,7, distância: 15.800 anos-luz, dados ESO 2024).
Escorpião (Scorpius): Com sua estrela avermelhada Antares (α Sco, magnitude 1,06), uma supergigante 700 vezes maior que o Sol (estudo VLTI, 2023).
Carina e a Via Láctea austral, região densa em nebulosas como NGC 3372, quatro vezes maior que a nebulosa de Órion.
Localização e observação
Para localizar essas constelações, use os seguintes pontos de referência:
Identifique o Cruzeiro do Sul: Trace uma linha imaginária a partir do eixo longo da cruz (de Gacrux a Acrux) e estenda-a 4,5 vezes seu comprimento para encontrar o polo sul celeste.
Do Cruzeiro do Sul, suba em direção a leste para encontrar Alpha Centauri (α Cen), a estrela mais próxima do Sol (4,37 anos-luz, missão Gaia, 2022).
Sagitário (visível baixo no horizonte sul no inverno austral) aponta para o centro da Via Láctea, rico em aglomerados e nebulosas.
Como observou o astrônomo Nicolas-Louis de Lacaille (1713-1762) durante sua expedição ao Cabo da Boa Esperança: "O céu austral revela maravilhas invisíveis da Europa, como as Nuvens de Magalhães, companheiras de nossa galáxia."
Objetos celestes notáveis
Esta região do céu abrigada objetos únicos:
As Nuvens de Magalhães (Grande e Pequena): Galáxias anãs satélites da Via Láctea, visíveis a olho nu (distância: 163.000 e 200.000 anos-luz, medições HST 2021). A Grande Nuvem contém SN 1987A, a supernova mais próxima observada desde 1604.
A nebulosa de Carina (NGC 3372): Berçário estelar massivo, com Eta Carinae, uma estrela hipergigante instável (100 vezes a massa do Sol).
O aglomerado do Tucano (47 Tucanae): Segundo aglomerado globular mais brilhante depois de ω Cen, com 13 bilhões de anos (Chandra, 2020).
A estrela Pavão (α Pav): Uma estrela azul do tipo B, 6 vezes mais massiva que o Sol (espectro analisado por SDSS).
Tabela comparativa das constelações austrais
Principais constelações do hemisfério sul e suas características
Constelação
Estrela mais brilhante
Mag máx
Objeto profundo notável
Visibilidade (hemisfério sul)
Cruzeiro do Sul (Crux)
Acrux (α Cru)
0,76
Nebulosa do Saco de Carvão
Todo o ano (circumpolar < 34°S)
Centauro (Centaurus)
Alpha Centauri (α Cen)
-0,27
Ω Centauri (aglomerado globular)
Março a outubro
Escorpião (Scorpius)
Antares (α Sco)
1,06
M4 (aglomerado globular)
Maio a setembro
Carina
Canopus (α Car)
-0,74
NGC 3372 (nebulosa)
Dezembro a abril
Tucano (Tucana)
α Tucanae
2,87
47 Tucanae (aglomerado globular)
Julho a janeiro
Dicas de observação
Para aproveitar ao máximo o céu austral:
Observe a partir de latitudes < 30°S para uma vista ideal (ex.: Deserto do Atacama, Ilha da Reunião, Austrália).
Use um filtro LPR para realçar nebulosas como NGC 3372.
Consulte efemérides para conjunções planetárias (ex.: Júpiter e Saturno perto de Sagitário em 2025).
Evite noites de lua cheia para observar as Nuvens de Magalhães ou a Via Láctea.
Como dizia Subrahmanyan Chandrasekhar (Prêmio Nobel 1983): "O céu austral é um laboratório a céu aberto, onde cada estrela conta uma história do Universo."