A NGC 346 é uma das regiões H II mais ativas da Pequena Nuvem de Magalhães, um pequeno satélite da Via Láctea visível a partir do hemisfério sul. Esta nebulosa brilha com suas estrelas jovens massivas e filamentos de gás, constituindo um verdadeiro laboratório natural para entender como as estrelas nascem em ambientes pobres em elementos pesados, chamados de baixa metalicidade.
Nota:
Uma região H II é uma nuvem de gás composta principalmente de hidrogênio ionizado. Ela se forma quando a luz ultravioleta de estrelas jovens e muito quentes remove elétrons dos átomos de hidrogênio ao redor. Essas regiões são os "berços" das estrelas e aparecem brilhantes em observações ópticas e UV. A densidade e a temperatura do gás em uma região H II influenciam fortemente a formação estelar e a estrutura da nebulosa.
NGC 346 apresenta uma estrutura fascinante, misturando filamentos de gás ionizado, bolhas sopradas pelo vento estelar e aglomerados de estrelas ainda muito jovens. Imagens capturadas em luz ultravioleta e óptica revelam zonas extremamente luminosas, indicando a presença de estrelas massivas que aquecem e ionizam o gás ao seu redor. Essas interações esculpem a nebulosa, criando formas variadas e dinâmicas.
Os filamentos de gás são orientados pelo vento estelar produzido por estrelas massivas e pelos restos de supernovas antigas. As estrelas jovens se agrupam em aglomerados compactos, sugerindo que a formação estelar ocorre em episódios localizados. Esse processo se assemelha a um fogos de artifício cósmico, onde cada explosão ou sopro de estrela desencadeia o nascimento de novas estrelas próximas.
A nebulosa é composta principalmente de hidrogênio ionizado (H II), mas também contém traços de hélio, oxigênio e neônio. Análises espectroscópicas mostram que as abundâncias desses elementos são ligeiramente inferiores às observadas na Via Láctea. Essa composição particular permite que os astrônomos estudem a formação estelar em um contexto próximo ao do universo primordial.
Para estudar NGC 346, os astrônomos utilizam o Telescópio Espacial Hubble e telescópios terrestres equipados com espectrógrafos e câmeras sensíveis a diferentes comprimentos de onda. Essas observações permitem medir a densidade do gás, sua temperatura e a velocidade dos fluxos ionizados. Elas também fornecem informações valiosas sobre as populações de estrelas jovens, sua massa e distribuição dentro da nebulosa.
Nas regiões H II de NGC 346, a densidade do gás varia geralmente entre 100 e 1.000 partículas por centímetro cúbico, o que é muito rarefeito em comparação com o ar que respiramos. A temperatura do gás atinge entre 10.000 e 12.000 K, alta o suficiente para ionizar o hidrogênio e produzir a luz característica da nebulosa. Essas condições extremas favorecem a formação rápida de estrelas massivas, pois o gás quente e ionizado pode colapsar localmente sob a gravidade para criar novos sóis.
Parâmetro | Valor estimado | Método de observação | Comentário |
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Distância | ~210.000 anos-luz | Paralaxe e Cefeidas | Localizada na Pequena Nuvem de Magalhães |
Diâmetro | ~200 anos-luz | Imagem óptica e IR | Inclui filamentos e aglomerados de estrelas |
Temperatura do gás | 10.000 - 12.000 K | Espectroscopia | Regiões H II fortemente ionizadas |
Densidade do gás | 100 - 1.000 partículas/cm³ | Espectroscopia e modelos | Densidade média do gás ionizado |
Populações estelares | Vários milhares de estrelas jovens | Fotometria e imagem | Estrelas massivas e aglomerados jovens |
Fonte: Massey et al., 2002, Astronomical Journal e Telescópio Espacial Hubble