Em 25 de fevereiro de 2007, um fenômeno astronômico raro e espetacular foi observado: um trânsito da Lua na frente do Sol, visto a partir da sonda espacial STEREO-B (Solar TErrestrial RElations Observatory). Ao contrário dos eclipses solares visíveis da Terra, este trânsito só era perceptível a partir da posição particular desta sonda, colocada em órbita heliocêntrica próxima à Terra. Este trânsito foi imortalizado pelo instrumento SECCHI (Sun Earth Connection Coronal and Heliospheric Investigation), que permitiu capturar imagens de uma precisão notável mostrando a Lua como um disco negro perfeitamente circular destacando-se contra o fundo luminoso da coroa solar. Este tipo de observação contribui grandemente para a calibração dos instrumentos solares, fornecendo uma referência bem definida para testar a resolução espacial e a resposta fotométrica dos sensores.
A Lua, desprovida de atmosfera, apareceu nestas imagens como um disco negro nítido, contrastando fortemente com as ejeções coronais dinâmicas e o plasma solar. Este trânsito também foi uma oportunidade para os astrofísicos caracterizarem melhor o limbo solar ("solar limb") e validarem os modelos de emissão no ultravioleta extremo. Dado que a trajetória da Lua neste caso não era observável da Terra, apenas uma sonda espacial colocada fora do eixo Terra-Sol poderia registrar seus detalhes. O trânsito da Lua na frente do Sol, embora breve, demonstra a importância da observação solar em estereoscopia, objetivo principal das sondas STEREO, que visam compreender a estrutura tridimensional da coroa solar e a dinâmica das erupções coronais massivas.
O interior do Sol tem uma densidade e temperatura tais que reações termonucleares ocorrem, liberando enormes quantidades de energia.
A maior parte dessa energia é liberada no espaço na forma de radiações eletromagnéticas, principalmente na forma de luz visível. O Sol também emite um fluxo de partículas carregadas, chamado vento solar. Este vento solar interage fortemente com a magnetosfera dos planetas e luas e ajuda a ejetar gases e poeira para fora do sistema solar. Este vento emerge das camadas superficiais e se propaga no espaço. Submetidas a essas rajadas, os cometas se adornam com uma cauda mostrando a direção do vento solar. A Terra não está completamente protegida por seu escudo magnético; o vento solar, a uma velocidade de 400 km/s, se infiltra por fendas polares, mostrando-nos magníficas auroras boreais e austrais, com luzes brancas, verdes e vermelhas.
A Lua, como outros objetos do sistema solar, também sofre o empurrão do vento solar. Estudos realizados por várias sondas em órbita lunar revelaram a presença de um campo elétrico em nosso satélite natural.
A magnetosfera terrestre deformável se estende por cerca de 60.000 quilômetros, mas diminui pela metade quando comprimida sob o empurrão de ventos solares intensos. O escudo magnético impede parcialmente que o vento solar varra a atmosfera terrestre.
A equipe de Andrew Poppe da Universidade da Califórnia, Berkeley, analisou dados fornecidos pelas sondas Lunar Prospector, Kaguya, Chang'e e Chandrayaan, e pelos dois satélites da missão Artemis (Acceleration, Reconnection, Turbulence and Electrodynamics of the Moon’s Interaction with the Sun). Estas sondas lunares descobriram um campo magnético na Lua; ela também teria seu próprio escudo magnético que se estende até 10.000 quilômetros da superfície no lado voltado para o Sol.
As sondas mostraram o plasma solar se deformando, como se encontrasse uma onda de choque. Este escudo poderia resultar de um campo elétrico que se formaria devido ao bombardeio da superfície lunar pela luz solar ultravioleta.