Não se deve confundir vácuo com nada.
Na linguagem cotidiana, um recipiente "vazio" (um copo, uma garrafa) está, na verdade, cheio de ar. À pressão atmosférica, um milímetro cúbico de ar contém cerca de 2 × 1019 moléculas, ou seja, dois quintilhões. Essa densidade ilustra a ambiguidade do termo: se o vácuo nunca é total, ele merece seu nome?
Os físicos definem o vácuo como o estado obtido após a remoção de toda matéria detectável em um volume dado, de acordo com os limites tecnológicos atuais. Trata-se, portanto, de um vácuo relativo, nunca absoluto.
Usa-se uma bomba de vácuo para extrair as moléculas de um volume hermético. A qualidade do vácuo é medida pela pressão residual, expressa em:
Na Terra, os melhores ultra-altos vácuos atingem 10-10 a 10-12 Pa (ex.: aceleradores de partículas como o LHC). Mesmo nessas condições, moléculas persistem, e o vácuo permanece relativo.
Pressão em pascals (Pa): 1 Pa corresponde a uma força de 1 newton (N) aplicada uniformemente sobre 1 metro quadrado.
Definição do newton (N): Unidade de força do SI. 1 N é a força capaz de comunicar a uma massa de 1 kg uma aceleração de 1 m/s².
Exemplo: Uma aceleração de 1 m/s² significa que a velocidade de um objeto aumenta em 3,6 km/h a cada segundo (1 m/s = 3,6 km/h).
Ao contrário do que muitos pensam, o vácuo não está "vazio" de energia:
Um vácuo total implicaria, portanto, a ausência tanto de matéria quanto de radiação/energia. Tal estado não existe no universo observável (onde a radiação cósmica de fundo preenche o espaço a 2,7 K), nem em laboratório.
Em Relatividade: Teoria Especial e Geral (1916), Albert Einstein (1879-1955) dedica um apêndice ao problema do espaço e do vácuo. Ele cita René Descartes (1596-1650) e Emmanuel Kant (1724-1804), e rejeita a ideia de um espaço vazio de campos:
« Os objetos físicos não estão no espaço, mas estes objetos têm extensão espacial. Assim, o conceito de espaço vazio perde seu sentido. »
Albert Einstein, prefácio à 9ª edição (1952).
Para Einstein, o espaço-tempo é uma entidade dinâmica, moldada pela matéria e energia (equação E = mc²). O "vácuo" torna-se então um campo de potenciais, onde mesmo a ausência de matéria deixa espaço para propriedades geométricas (curvatura do espaço-tempo).
Em 1654, Otto von Guericke (prefeito de Magdeburgo e cientista) realizou um experimento marcante para demonstrar o efeito da pressão atmosférica: