As ondas de choque cósmicas são frentes de compressão de matéria e campo magnético geradas por eventos energéticos como explosões de supernovas, colisões de aglomerados de galáxias ou jatos de buracos negros. Essas ondas transportam energia por distâncias enormemente grandes e participam ativamente na estruturação em grande escala do universo.
Quando uma estrela massiva se move em alta velocidade através do meio interestelar (ISM), ela pode exceder a velocidade do som no gás circundante. Isso também cria uma onda de choque do tipo "bow shocks" (em forma de arco à frente da estrela). A estrela age como um "barco" no ISM, empurrando gás e poeira.
Para Kappa Cassiopeiae, uma supergigante azul hipermassiva, o deslocamento em alta velocidade (geralmente várias dezenas de km/s) cria uma compressão do gás interestelar que se torna visível em infravermelho ou rádio devido à emissão de grãos de poeira aquecidos pela radiação estelar e partículas aceleradas pela onda de choque.
A frente de uma onda de choque é caracterizada por uma variação brusca de densidade, pressão e velocidade. Em um meio astrofísico, a velocidade da onda pode atingir vários milhares de km/s, dependendo da densidade do meio e da energia do evento. A propagação obedece às equações hidrodinâmicas e magnetohidrodinâmicas (MHD) e pode acelerar partículas a energias relativísticas.
As ondas de choque desempenham um papel crucial na formação de aglomerados de galáxias, filamentos cósmicos e na amplificação de campos magnéticos. Elas também favorecem a condensação do gás intergaláctico e podem desencadear a formação de estrelas em certas regiões.
Nome da Onda de Choque | Tipo de Fonte | Distância | Velocidade Estimada (km/s) | Observação |
---|---|---|---|---|
Aglomerado Bala | Colisão de Aglomerados | 1.000 Mpc | 4.500 | Chandra, Hubble |
Abell 3667 | Aglomerado de Galáxias | 220 Mpc | 2.500 | Rádio VLA |
Supernova SN 1006 | Supernova | 2,2 kpc | 5.000 | Chandra, XMM-Newton |
Aglomerado de Perseu | Aglomerado de Galáxias | 78 Mpc | 1.500 | Chandra |
Onda de Choque da Tarântula | Aglomerados Massivos e Supernovas | 50 kpc | 1.000–2.000 | Hubble, Chandra, ALMA |
Kappa Cassiopeiae | Estrela Massiva em Movimento | 0,4 pc | 30–40 | IR – Spitzer, WISE |
Zeta Ophiuchi | Estrela Massiva em Movimento | 0,16 pc | 24 | IR – Spitzer |
BD+43°3654 | Estrela Massiva em Movimento | 0,5 pc | 60 | IR – Spitzer |
AE Aurigae | Estrela Massiva em Movimento | 0,2 pc | 100 | IR – Spitzer, Hubble |
Mu Columbae | Estrela Massiva em Movimento | 0,15 pc | 100 | IR – Spitzer |
Fonte: Chandra X-ray Observatory, ESO – European Southern Observatory, e Spitzer Space Telescope.
A nebulosa da Tarântula, localizada na Grande Nuvem de Magalhães a cerca de 50 kpc da Terra, é uma das regiões de formação estelar mais ativas da vizinhança galáctica. Ela abriga o aglomerado estelar massivo R136, composto por estrelas OB e supergigantes extremamente luminosas.
A intensa atividade dessas estrelas, combinada com explosões recentes de supernovas, gera uma onda de choque gigante que se propaga pelo meio interestelar circundante. Essa onda comprime e aquece o gás, favorecendo a emissão em IR, raios X e rádio. Sua velocidade é estimada entre 1.000 e 2.000 km/s, e sua estrutura pode se estender por várias dezenas de parsecs.
N.B.: A onda de choque da Tarântula ilustra como um ambiente muito ativo pode gerar frentes de compressão em grande escala, comparáveis, em menor escala, às ondas de choque nos aglomerados de galáxias.
A galáxia Roda de Carro, localizada a cerca de 500 milhões de anos-luz na constelação do Escultor, apresenta uma morfologia notável em forma de anel, consequência de um impacto frontal com uma galáxia compacta menor. Esse evento gerou uma onda de choque radial que se propaga pelo disco da galáxia a uma velocidade estimada de 100–200 km/s.
Essa onda de choque concentra o gás interestelar e desencadeia uma intensa formação de estrelas ao longo do anel, visível em luz óptica e raios X. A distribuição dessas regiões HII segue precisamente a propagação da onda de densidade.
Do ponto de vista físico, a onda age como uma onda de compressão do meio interestelar, semelhante às frentes de densidade em galáxias espirais, mas aqui amplificada pelo impacto gravitacional frontal. A dinâmica observada permite estudar o comportamento do gás em condições extremas e testar modelos de propagação de ondas de densidade em grande escala.
N.B.: O anel luminoso da galáxia Roda de Carro é o resultado direto da onda de choque propagada no disco galáctico, mostrando a interação gravitacional como motor da formação estelar em grande escala.
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